A Maratona 13
Tomar a decisão de participar numa Maratona, envolve um conjunto de fatores que devem ser bem ponderados. Pelo menos presume-se que sim… Entre eles realçamos o apoio técnico especializado, para que a participação e toda a preparação seja conseguida com a máxima segurança possível. Por isso, fomos ver o que se passou com os praticantes do projeto run4excellence que participaram na Maratona do Porto, conhecer o que cada um vivenciou na prova e perceber de que modo a sua preparação terá influenciado esta participação competitiva. Neste caso, falámos com praticantes com mais experiência, mas também com quem se preparou para a sua primeira Maratona. Os depoimentos são muito ricos e esclarecedores do que é a dificuldade de uma prova deste tipo e dos cuidados que devem estar por detrás de uma decisão de fazer uma Maratona…
Foram 18 os praticantes que recebem apoio técnico do projeto run4excellence que estiveram presentes na Maratona do Porto. Nem todos, tinham por objetivo melhorar os seus recordes pessoais e foram vários os que apenas procuravam simplesmente melhores sensações, correr com mais conforto e sentirem um impacto menor numa distância que ainda assusta um pouco vários participantes. Um bom exemplo foi a participação de Luís Serra, praticante cada vez mais regular deste projeto e que apresentava antes da corrida um receio muito particular. “Em Maratonas anteriores, cheguei a momentos de grande indisposição que me levaram a vomitar durante a corrida. Nunca percebi o porquê deste problema e receio que algo de semelhante me aconteça…”. Mas desta vez o problema do Luís foi estudado pelos técnicos que o seguem sempre com a ideia de que o problema poderia ser resolvido, apesar dos receios iniciais. Marisa Vieira, explicou-nos bem o problema que parece afetar muitos corredores, “Em primeiro lugar é importante resistir ao poder do marketing de marcas que vendem produtos ergogénicos que é muito forte o que torna os corredores muito permeáveis a ingestão de produtos que presumivelmente lhes irão melhorar o rendimento desportivo. A verdade é que, em grande parte dos casos, o efeito é contrário. A desinformação é enorme e o marketing é tão bem feito que os corredores vão pensar em todos os problemas menos no quanto a ingestão de certos produtos durante a prova os terão prejudicado”. Apesar de alguma insegurança e receio, o Luís seguiu conselhos na forma como deveria organizar a sua ingestão de líquidos e que cuidados deveria ter. Conjugando esses cuidados com o nível de treino que atingiu teve uma participação que, mesmo sem significar recorde pessoal, foi um êxito traduzido por uma satisfação de enorme conforto na corrida, “Sem o apoio técnico que tive não voltaria a correr a Maratona!”.
Pedro Teixeira, foi um dos participantes e um dos que mais recentemente aderiu ao projeto run4excellence. As respostas finais não podiam ser mais esclarecedoras: “Fiz uma prova confortável, sem parar, sem cãibras e tirei 15 minutos ao tempo de 2015. Fui sempre num ritmo confortável e sem arriscar nada (estava ainda “traumatizado” com a marca de 2015). Sem dúvida que a ajuda técnica que tive foi fundamental”. O praticante mais recente do projeto run4excellence, Augusto Costa (iniciou-se no pólo do projeto run2improve que está a decorrer no Hotel Solverde em Espinho), melhorou o seu resultado pessoal na Maratona em 19 minutos e o seu depoimento vem na linha do que nos disse Pedro Teixeira: “Os treinos run2improve, valem mesmo a pena. Em 2 meses de treino, melhorei muito o tempo da maratona, mas mais importante que isso foi terminar sem problemas físicos, sem dores e sem cãibras, foi a desfrutar”. Outra praticante, Ana Barbosa, tem uma relação muito forte com a corrida, que ocupa uma importância muito elevada na sua vida. Com uma evolução notória ao longo do tempo e um recorde pessoal conquistado, referiu que “o que mais me surpreende é que mesmo correndo mais rápido sinto uma diferença mesmo muito grande no impacto que a maratona tem no meu corpo. No ano passado, tinha de descer as escadas de costas e com dores musculares enormes e este ano quase parece que terminei pronta para correr de novo. É uma diferença enorme!”. Uma diferença que no tempo final correspondeu a uma melhoria de 43 minutos...
Um aspeto muito curioso foi-nos transmitido por João Barbosa que depois de fazer 3:25:00, se mostrou surpreendido com a facilidade com que fez a prova referindo que “face a muitas ideias de que é necessário fazer muitos treinos longos para a maratona, já tive fases da minha vida em que treinei mais. Por diversos motivos, acabei por treinar menos para esta prova, mas com melhores resultados e mais conforto! Foi tudo isto o que quis, quando há 6 meses atrás, decidi que me tinha de preparar de forma cuidada e responsável para concluir a maratona com o máximo conforto. O trabalho que fiz com os técnicos do projeto run4excellence, permitiu-me conseguir o que queria com esta participação”. A este respeito, Marisa Vieira referiu-nos que “um dos nossos objetivos passa, precisamente, por desmistificar alguns grandes erros no treino de corredores e explicar a cada um deles que podem treinar menos, mas com mais qualidade e com isso terem melhores resultados. É possível adequar os treinos a um estilo de vida cada vez mais complicado e se o treino for bem prescrito é possível treinar menos e estar mais saudável e mais capaz de ter conforto durante uma prova”.
Entre estes praticantes, estava a Helena Amaro que tinha definido, a alguns meses atrás, que queria colocar como objetivo na sua vida finalizar uma Maratona e conseguiu. Para isso, decidiu-se a ter apoio técnico, durante vários meses, de modo a ter garantias de que o faria na máxima segurança e a sua satisfação no final fala por si, numa alegria contagiante pelo objetivo alcançado.
Mas mesmo para os mais experientes, esta participação acabou por ser muito significativa, tanto pelas boas sensações e facilidade com que se fez uma distância competitiva tão elevada, como por resultados que dão um enorme retorno ao esforço com que se têm envolvido nos treinos prescritos pelos técnicos do projeto run4excellence, entre os quais o recorde pessoal de 3:02.26 de Tiago Leal constitui um bom exemplo. Um outro grande exemplo, foi Carlos Correia que já com algumas maratonas realizadas, acabou na edição deste ano da Maratona do Porto, por tirar mais de 30 minutos ao seu melhor tempo, passado de 4 horas, para um tempo inferior a 3 horas e 30 minutos. Um praticante que a equipa técnica refere ter tido o merecido prémio pela dedicação exemplar que ao longo de muitos meses permitiu a resolução de muitos problemas e um crescimento desportivo notável e visível em cada sessão de treino.
Procurámos perceber o que de mais significativo justifica estes resultados e muito em especial o que leva a que estes participantes, de uma forma geral, tenham a manifestação de grande conforto durante a prova e de saírem de uma maratona como se tivessem feito uma prova bem mais curta. “Todos estes corredores são sujeitos a um tipo de treino individualizado, pensado e reajustado semanalmente às suas características pessoais, estilo de vida, dificuldades e objetivos. A comunicação é quase diária e os planos são reformulados e adaptados a cada semana. Estamos com os praticantes, conhecemo-los, partilhamos muitos momentos com eles e dessa forma, sabemos muito melhor o que temos de fazer com cada um deles. Para nós isso marca toda a diferença”, referiu Marisa Vieira. Sofia Almeida ainda reforçou a ideia, “Treinar um corredor é muito mais do que lhe enviar um plano de treino. Por muitas avaliações que lhes possamos fazer, existe depois a realidade do dia a dia e a necessidade total de evitar “receitas”. Cada caso é um caso e o treino tem de promover adaptações só possíveis se o diálogo for muito regular”. Daí questionarmos de imediato, se isto significa que apenas atletas do Porto, podem ser orientados por este projeto. Mas Sofia refere, que, “temos praticantes de vários pontos do país, alguns bem distantes, que vêm ao Porto para serem avaliados e que mantêm um elo de ligação connosco, deslocando-se à Invicta em alguns fins de semana para avaliações e formação. Precisamos de saber muito bem o que fazemos e com quem fazemos e por isso, temos de ter os praticantes o mais próximo possível de nós. As avaliações regulares, conjugadas com momentos de formação, permitem-nos, mesmo à distância, a individualização que exigimos a nós próprios, para que cada praticante tenha o máximo benefício com o nosso trabalho.